Páginas

domingo, 13 de maio de 2012

Animax Portugal: Um ano depois (Artigo de Opinião)

Fez esta semana um ano após o fim do "único" canal que era destinado ao anime em Portugal, o Animax. A 9 de Maio de 2011 o Animax Portugal tornou-se no AXN Black, um canal de séries alternativas às que são exibidas pelo AXN. O AXN Black é exclusivo em Portugal, não havendo mais nenhum país de momento (como o recente AXN White que substituiu o Sony Entertainment Television). Vê-se que a marca AXN está bem presente no nosso país, ao contrario das outras que sem qualquer ligação ao canal das séries falharam redondamente.

Mas, havia uma coisa que distinguia o Animax dos outros canais: era único. Não só em termos da programação, mas também devido ao seu leque de audiência, que ia dos mais novos até aos mais adultos. Apesar de isso ter sido uma das causas do fim do canal, mas isso irei abordar mais à frente.

Agora, uma pequena apresentação do início do Animax Portugal. Em Portugal (e também em Espanha), o Animax surgiu como um espaço de programação do AXN dedicado à animação japonesa em Outubro de 2007, denominado de Zona Animax, onde foram transmitidas animes como Inuyasha, Excel Saga, Samurai Champloo, Trigun, entre outros. Infelizmente, na altura ainda era um rapaz que tinha perdido temporariamente a minha paixão pelo automobilismo, estando mais interessado em jogos de vídeo e os animes ainda não passavam de "desenhos animados". Só merecia chapada eu pelo o que estava a perder... O espaço existiu até para depois da estreia do canal propriamente dito. A Zona Animax só chegou ao fim em Setembro de 2008, quando o canal tinha estreado em Abril desse ano. Pois, a 12 de Abril de 2008 surgiu, na Península Ibérica, o primeiro canal exclusivamente dedicado ao anime 24 horas por dia, o Animax. A estreia ficou marcada com o filme Ghost in The Shell. Animes como NANA, Love Hina e Black Lagoon estiveram no início da programação do canal, sendo que eram estreados novos filmes animes todos os meses. Adivinha-se um futuro risonho para o canal, muitos fãs aplaudiam o facto de poderem ver animes na TV e não pela Internet, e de estar em Português de Portugal. O lançamento calhou numa boa altura, pois foi após ter ocorrido o "Boom" de Naruto em Portugal. Também fui apanhado por essa corrente, senão nem estaria aqui a escrever isto. E, também, pelo facto de ter começado por uma zona de programação do AXN para depois ter se tornado num canal que transmite durante 24 horas, pensa-se que teria uma boa audiência para justificar a mudança. Pois...

Como referi antes, em 2008, Naruto estava a ser um fenómeno de popularidade em Portugal e, consequentemente, do anime. Toda a gente falava de Naruto, gostavam de ver o anime, imitar o gestos, etc. Esse fenómeno durou muito mais tempo que outros que existiram.  A SIC Radical, que transmitia Naruto, era o único canal, na altura, que transmitia anime no seu formato original, ou seja, em japonês. Mas, os animes já eram transmitidos na Radical desde (pelo menos) 2003, pela mão do director da programação da altura do canal, Francisco Penim. Neon Genesis Evangelion e Cowboy Bebop já foram transmitidos pelo canal detido pelo grupo Imprensa.

O Animax tentou obter sucesso por via do fenómeno que estava a ocorrer, só que falhou redondamente nesse aspecto. Sendo assim, chego à parte onde queria chegar: analisar as falhas que provocaram o fim do canal.

É verdade que Naruto era extremamente popular na altura, só que o Animax em vez de ir buscar séries como Bleach ou One Piece, não teve que transmitir Naruto como a Sic Radical. Pois, mas só que o Animax só transmitia com um episódio da série de avanço em relação à Radical. Apesar de aparentar ser uma boa ideia, mas falharam num aspecto, a Radical estava mais acessível ao público do que estava o Animax. Para se ter o canal da Sony tinha de se pagar um pacote extra nos serviços de televisão, enquanto que o canal controlado pelo grupo de Francisco Pinto Balsemão não se teria de pagar muito, porque vinha no pacote mais barato de canais. E, também, no serviço de televisão por cabo era mais fácil ver a Radical no quarto sem precisar de descodificador do que ir para a sala, onde se encontrava a única box da casa, para ver o Animax.

O que me leva a outro facto, os serviços de televisão. Por exemplo, a Cabovisão colocou o Animax no canal 63, ou seja, na zona dos canais Infanto-Juvenis. Estava perto do Canal Panda e do Cartoon Network, o que não é lá muito recomendável quando se tem Gunslinger Girl na programação. O mais sensato seria colocar o canal na "secção" das séries, como o AXN e a FOX. Isso causou uma confusão em relação ao publico do canal.

A falta de conhecimento da programação do canal prejudicou em relação à publicidade, pois a maior parte da receita de um canal vem da publicidade. As marcas publicitam um determinado produto para um determinado público, e quando esse público é bastante diversificado torna-se arriscado publicitar um produto, pois não tens a certeza do público que tens.
Sempre que via o Animax só havia um anúncio de um produto ou de uma marca, e essa marca era a PlayStation, detida pela Sony. Ou seja, a empresa-mãe do canal estava injectar o seu próprio dinheiro para manter-lo a funcionar. Eles estavam tão desesperados com a falta de receitas provenientes da publicidade, que podias consultar livremente, no site, a tabela de preços e de horários para publicitar algo, algo que os canais não costumam publicar na internet.
Mas, a Sony nunca fez grande publicidade ao Animax. Ao AXN e ao SET tinham publicidade em cartazes nas ruas de Lisboa, o Animax contentava-se com uma folha de publicidade de uma revista. O próprio AXN dava os destaques da programação do SET, mas nunca do Animax. Via-se quem era a ovelha negra do grupo.

Mas, o canal tinha uma boa programação, só que era bastante repetitiva. Via-se que não se conseguia arranjar mais programas devido à falta de dinheiro da publicidade.

Também havia bastantes situações em que não havia legendas ou que não estavam bem coordenadas com as falas. E quando se está a ver um programa com uma língua da qual pouco entendemos, torna-se confuso e é um convite para mudarem de canal. Só que esse problema era frequente, havia programas que durante horas não tinham legendas.  

O golpe final foi quando decidiram tornar o Animax mais "teen" e "cool", só que menos "Otaku". Em 2010, quando houve a mudança de imagem e de programação, os animes foram substituidos por séries live-action americanas, fazendo com que se perdesse os poucos fãs o canal tinha na altura. Grande parte dessas séries vinham do AXN e eram, basicamente, repetições.

A partir desse momento o canal só aguentou mais um ano, quando a 9 de Maio de 2011 surgiu o AXN Black, terminando a aventura de um canal que era diferente dos outros. Ao que parece, o AXN Black também não está de muita boa saúde, devido às audiências, mas é esperar para ver.

Existem canais que acho inúteis e que duvido que tenham audiência, mas que ainda sobrevivem. Talvez seja porque estamos ainda num país bastante conservador e pouco aberto a coisas novas, como o anime.

Para terminar, aqui deixo os últimos minutos do canal que trouxe uma pequena esperança aos Otakus portugueses. O upload do vídeo não é da minha autoria, mas sim do utilizador Sukigu (apesar de ter sido sem o consentimento do mesmo).




Este foi o meu primeiro texto de opinião que fiz e, por isso, peço desculpa por todos os erros que cometi e pela falta de organização das ideias no texto. Tentarei fazer melhor num próximo texto de opinião.

Sem comentários:

Enviar um comentário